Do que se fala aqui, afinal, se existem tantos caminhos no oriente e no ocidente, ainda que neste não de maneira sobretudo tradicional? Neste fórum tratamos do Caminho da Periegesis e seus buscadores, os "periegetas" ou peregrinos. Para nós, todavia, é simplesmente o Caminho, enquanto peregrino, é como chamamos a consciência, o "não ser" cujo intento é retornar ao Princípio Absoluto. Para tanto, ele usa os procedimentos e os não procedimentos ensinados e demonstrados pelos paragons, os peregrinos ideais imanentes ou transcendentes, os seus mentores e "modelos de excelência". A prática principal do Caminho é a peregrinação, ou a caminhada consciente para o Princípio, o que é algo bastante diverso de somente viajar para "lugares santos".

Isso é o que faz o peregrino tradicional, ou a busca por "locais de poder" de certos caminhantes que conhecemos, porque ambos o fazem como seres condicionados ou "agons". Tradicionalmente isso é realizado no contexto religioso, seja o cristão ou qualquer outro. Como consideramos que a religião existe para as massas no seio da sociedade, ao contrário dos caminhos que existem para serem trilhados por não seres que foram além do social, esses dois direcionamentos são dessemelhantes e praticamente exclusivos. Não o sendo inteiramente apenas porque desde sempre as grandes religiões foram antessalas para caminhos internos que brotaram e cresceram, e foram em maior ou menor grau aceitos, ou percebidos como uma expressão delas mesmas.

Como o albigensianismo e o movimento gnóstico no Cristianismo, o sufismo no Islamismo, a cabala e o hassidismo em meio ao Judaísmo, os diversos caminhos internos que bifurcaram do Budismo e do Hinduísmo, além de vários outros, tanto os baseados em religiões tradicionais quanto os originais. A peregrinação também tem outro sentido, este mais ideal do que prático, o de indicar o caminho da consciência em seu retorno à Origem. Além disso, há muitas práticas eletivas pertinentes ao Caminho, assim como as chamadas não práticas. Na verdade, a consciência do paragom, o mensageiro da Ordem Superior, não necessita de prática alguma para ser inteira aqui e agora. Busquemos a Ordem Superior e encontremos o seu nível de consciência!

O site e o fórum estão disponíveis para interação somente em português, espanhol, italiano ou inglês. Postagens em outras línguas, a despeito do assunto, serão ignoradas e excluídas sumariamente.

Uma Estória Zen:

Certa vez, muito tempo atrás, houve um sábio mestre zen. Pessoas de longe e de perto buscavam seu conselho e sua sabedoria. Muitos vinham pedir-lhe para ensiná-los, iluminá-los acerca do caminho zen. Ele raramente recusava alguém. Um dia, um homem importante, um homem acostumado ao comando e à obediência, veio visitar o mestre. “Vim pedir-lhe hoje que me ensine sobre o Zen. Abra minha mente para a iluminação.” O tom de voz do homem era o daqueles acostumados a conseguir o que queriam. O mestre sorriu e disse que eles deviam discutir o assunto tomando uma xícara de chá. Quando o fizeram, o mestre serviu o visitante. Ele colocou o chá até a borda e continuou até que derramasse na mesa, e também nas vestes do abastado visitante. Por fim, ele reclamou: “Basta. Você está derramando o chá por toda parte. Não pode ver que o copo está cheio?" O mestre parou de servir e sorriu para o convidado. “Você é como esta xícara de chá, tão cheio que nada mais pode ser adicionado. Volte aqui quando o copo estiver vazio. Volte com a mente vazia, receptiva".

 


O termo correlato em inglês é "paragon" e o termo às vezes usado em português, a língua original desses peregrinos, é "paragão". Contudo, não o usamos no contexto do Caminho, pois este tem um sentido um pouco diferente: o de semelhança, parecença ou comparação entre seres, coisas ou ideias; confronto. Também porque no sentido de modelo, segundo o Houaiss, é inespecífico e significa apenas um tipo que pode ser reproduzido. Daí usarmos o, por assim dizer, meio-termo aportuguesado da palavra de origem inglesa, paragom, com o mesmo sentido e cujo plural também é paragons. Esse neologismo tem a inquestionável vantagem de ser maleável e, portanto, mais útil aos nossos propósitos.